CIBERCULTURA
Ao falar de Cibercultura, não podemos deixar de mencionar Pierre Lévy, filósofo francês radicado no Canadá e um dos intelectuais mais respeitados no estudo da internet e tecnologias como fenômeno cultural.
Lévy aborda, em seu livro Cibercultura, publicado em 1999, questões sobre o ciberespaço, o surgimento da cibercultura e implicações culturais do desenvolvimento das tecnologias.
Mas, o que é ciberespaço?
Segundo, Pierre Lévy, é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores, não só a infraestrutura material, mas o universo de informações e seres humanos. É um espaço de comunicação aberto. Permite vários modos de comunicação: correio eletrônico, conferências eletrônicas, hiperdocumentos compartilhados, sistemas avançados de aprendizagem e trabalho cooperativo e mundos virtuais multiusuários.
As principais funções do ciberespaço são:
- acesso à distância, onde comunidades podem compartilhar informações, independentemente da posição geográfica;
- transferência de dados;
- troca de mensagens, inclusive conferências eletrônicas.
Os três princípios do ciberespaço: interconexão, criação de comunidades virtuais e inteligência coletiva.
A criação de comunidades virtuais se apóia na interconexão que é construída pelas afinidades de interesses em um processo de cooperação e troca.
A inteligência coletiva é o principal motor da cibercultura, podendo ser um "veneno" para quem não participa ou "remédio" para aqueles que participam e conseguem se controlar. Ao interagir com o mundo virtual, os usuários exploram e atualizam simultaneamente, pois as interações podem enriquecer ou alterar o modelo, tornando-se uma criação coletiva. A finalidade da inteligência coletiva é colocar os recursos de grandes coletividades a serviço das pessoas e de pequenos grupos.
E Cibercultura, como definir?
Cibercultura é o conjunto de técnicas materiais e intelectuais, práticas, atitudes, modos de pensamento e valores e aceita todos, pois coloca todos em contato com todos, onde todos podem emitir e receber informações de qualquer lugar do planeta, seja essa informação escrita, imagética ou sonora.
Lembrando que as tecnologias são produtos de uma sociedade e de uma cultura e que a técnica é produzida dentro de uma cultura e uma sociedade, podemos dizer que a técnica não é boa, nem má e nem neutra, pois está intimamente relacionada aos contextos.
A essência da cibercultura é que ela é universal, sem totalidade e tendência à sistematicidade.
Cibercultura e educação
É muito rápida a velocidade de surgimento e renovação de saberes e o ciberespaço desenvolve funções cognitivas humanas, favorecendo novas formas de acesso à informação e novos estilos de raciocínio e de conhecimento.
Nesta era, há a construção de novos modelos de espaços dos conhecimentos: espaços abertos, contínuos, em fluxo, não lineares, se reorganizando de acordo com os objetivos, contextos e interesses de cada um.
Favorece a aprendizagem personalizada e a aprendizagem coletiva, onde o professor é o animador da inteligência coletiva, necessitando de reformas nos sistemas de educação e formação. Cada pessoa deve reconstruir totalidades parciais à sua maneira, de acordo com seus próprios critérios de pertinência.
O ponto principal é a mudança qualitativa nos processos de aprendizagem, numa aprendizagem cooperativa, onde professores e estudantes partilham, nos campos virtuais, recursos materiais e informacionais. Nesse processo há a formação contínua de professores e estudantes com a aquisição de novas competências. É uma transição de uma educação e formação institucionalizada para uma situação de troca de saberes e autogerenciamento dos conhecimentos, pois se aprende o tempo todo.
Árvores do conhecimento: mapa dinâmico com método informatizado para o gerenciamento global das competências, onde as pessoas apreendem sua situação no espaço do saber, podendo elaborar suas próprias estratégias de aprendizagem, com possibilidades de validação da qualificação.
Pierre Lévy fala de dilúvio de informações onde "cada um, cada indivíduo, cada grupo, deve por conta própria, fazer necessariamente uma filtragem, uma organização, uma seleção, uma hierarquização. Sem isso, seria impossível dar um sentido a essas informações."
Levantando alguns pontos, de acordo com Lévy:
LADO POSITIVO DA CIBERCULTURA
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LADO NEGATIVO DA CIBERCULTURA
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Aumenta autonomia dos indivíduos.
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Conflitos de interesses.
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Maior colaboração entre as pessoas.
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Lutas de poder.
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Acesso às informações à distância e grande quantidade de informações a baixo custo.
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Algumas desigualdades.
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Favorece a aprendizagem personalizada e a aprendizagem coletiva.
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Fonte de exclusão, pois exige infraestrutura de comunicação e de cálculo e apropriação de competências.
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Encarna a forma horizontal e simultânea da transmissão. Multiplica faculdades cognitivas humanas como memória, imaginação e percepção.
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Pode gerar confusão e caos, já que todos podem alimentar a rede sem censura, mas existe a opinião pública em funcionamento e há a responsabilidade dos fornecedores de informações.
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Gira em torno dos centros de interesse.
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Excesso de informações, dificuldade de selecionar o que é importante.
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Concluindo...
O virtual não substitui o real, pois, segundo Lévy "quanto mais as informações se acumulam, circulam e proliferam, melhor são exploradas (ascensão do virtual) e mais cresce a variedade de objetos e lugares físicos com os quais estamos em contato (ascensão do atual)."
O comportamento da sociedade acontece em rede, formando novos modos de relações sociais, que apesar de virtuais vão se concretizando no mundo real, formando novo tipo de sociedade e alterando crenças, princípios e valores.
O movimento da cibercultura é um dos motores da sociedade contemporânea.
Alguns exemplos significativos
Ao pensar em cibercultura, percebo que grande parte de minhas atividades são realizadas virtualmente.
Dentre elas, seguem alguns exemplos:
1) Educação a distância : com o objetivo de atualização, aperfeiçoamento na esfera profissional e pessoal, mas com a dificuldade de tempo e distância, a educação a distância surgiu quebrando os paradigmas existentes. É uma educação mais flexível, que permite um autogerenciamento dos horários e locais de estudo, conforme as necessidades. O aspecto que está mais relacionado à cibercultura, é que a educação a distância, como este curso de Mestrado, proporciona uma intensa interatividade, criação coletiva, aprendizado significativo, pois nos obriga a ir em busca da informação, realizar análises, filtros , desenvolvendo novas competências e habilidades. Os estudantes se relacionam diariamente, através dos fóruns e há o aspecto forte da ajuda mútua e compartilhamento de ideias e informações. Além disso, o professor, media, fazendo as intervenções necessárias, sempre estimulando o estudante a ir em busca de soluções para os problemas encontrados. Há momentos de aprendizagem personalizada e de aprendizagem coletiva, com a utilização de várias ferramentas da tecnologia para interatividade e produção das atividades.
3) Visualização de filmes, vídeos, noticiários, etc – hoje existe a possibilidade de assistirmos filmes pela internet, programas de tv, noticiários e visualizarmos vídeos postados por outros usuários e inserirmos vídeos por nós produzidos, podendo compartilhar e comentar. Muitos programas de TV também utilizam da internet para votações, opiniões, divulgação de programação e se você perdeu um determinado episódio de um programa, muitas vezes, você consegue acessá-lo posteriormente pela internet. Com o advento da cibercultura, a variedade de informações e possibilidades é muito grande.
Referências
Lévy,P.(2009). Cibercultura. São Paulo: Editora 34
Imagens disponíveis em:
Para quem gosta de aprender em permanência e de criar de vez em quando o ciberspaço é o lugar ideal, não? Mas tal como a ti, também as questões problemáticas me chamam a atenção... não exclusivamente pelos problemas em si mas, essencialmente pela humana tentação de os colocar como obstáculos e não como pontos de partida... A leitura de Pierre Lévy deu-me um fôlego otimista...
ResponderExcluirÉ verdade, Ana! A leitura de Lévy trouxe novas questões para reflexão.
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